O BRICS é um grupo de países emergentes que, ao longo das últimas duas décadas, tem ganhado relevância na economia e na política global. O grupo foi originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se uniram com o objetivo de fortalecer suas economias, aumentar sua influência global e buscar alternativas às instituições dominadas por países ocidentais, como o FMI e o Banco Mundial.
Mas, recentemente, o BRICS está mudando de cara, com a inclusão de novos membros, criando o que chamamos de BRICS+. O objetivo dessa expansão é aumentar o poder de fogo do grupo, trazendo mais nações de peso para suas fileiras. Vamos entender melhor o que são esses BRICS+ e como isso está impactando a geopolítica atual.
O que são os BRICS?
Os BRICS surgiram no início dos anos 2000 como uma forma de consolidar a cooperação entre as maiores economias emergentes do mundo. O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem como foco principal o desenvolvimento econômico e a criação de uma nova ordem mundial menos dependente das potências ocidentais.
Cada um desses países traz um peso específico:
- Brasil: Principal potência agrícola mundial, o Brasil tem uma economia diversificada e é visto como líder da América Latina.
- Rússia: Um gigante energético, com vastas reservas de gás e petróleo, além de uma poderosa influência geopolítica.
- Índia: Um dos maiores mercados consumidores do mundo e um dos principais polos de tecnologia e inovação.
- China: Segunda maior economia global, conhecida por seu imenso poder industrial e uma influência geopolítica crescente.
- África do Sul: Maior economia da África, servindo como porta de entrada para o continente africano e sua vasta riqueza natural.
BRICS+: Uma nova fase
O BRICS+, formalizado no encontro de 2024 em Kazan, na Rússia, é o resultado de uma expansão do bloco original para incluir outros países emergentes, ampliando ainda mais sua influência global. Entre os novos membros confirmados estão:
- Arábia Saudita: Grande potência energética e líder mundial em exportação de petróleo, com um papel fundamental na geopolítica do Oriente Médio.
- Emirados Árabes Unidos: Outro grande exportador de petróleo e hub financeiro global, com Dubai sendo uma das cidades mais dinâmicas do planeta.
- Irã: País estratégico no Oriente Médio, rico em petróleo e gás natural, que busca no BRICS uma forma de aliviar o impacto das sanções ocidentais.
- Egito: O país mais populoso do mundo árabe, com uma economia em crescimento e posição geopolítica estratégica entre a África e o Oriente Médio.
- Etiópia: Uma das economias que mais crescem na África, com grande potencial agrícola e industrial.
Esses países foram escolhidos com base em sua importância estratégica, recursos naturais e potencial econômico. O objetivo do BRICS+ é criar um contrapeso à influência dos EUA e da Europa, buscando mais autonomia em relação ao dólar e às instituições financeiras tradicionais.
Argentina fora do BRICS+
Inicialmente, esperava-se que a Argentina fosse um dos novos membros do BRICS+. No entanto, após a vitória do presidente Javier Milei, conhecido por suas posições neoliberais e sua crítica feroz ao bloco, a Argentina retirou sua candidatura. Milei vê o BRICS como um grupo "antidemocrático" e preferiu se afastar da organização, alinhando-se mais aos interesses dos EUA e de outras potências ocidentais.
Essa decisão surpreendeu muitos, já que a Argentina, sob o governo anterior, havia mostrado grande interesse em fazer parte do BRICS. No entanto, a retirada foi um movimento claro de realinhamento político e econômico do novo governo argentino.
O veto do Brasil à Venezuela e Nicarágua
Outro ponto interessante foi a ausência de dois países que tentaram, sem sucesso, entrar no BRICS+: Venezuela e Nicarágua. A Venezuela, governada por Nicolás Maduro, buscava se juntar ao BRICS como uma forma de ganhar legitimidade internacional e reduzir o impacto das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos. No entanto, o Brasil, sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva, vetou a entrada do país. A razão? As tensões diplomáticas entre os dois países aumentaram após as controvérsias das eleições venezuelanas de 2024 e as críticas de Lula ao regime repressivo de Maduro.
A Nicarágua, por sua vez, também foi barrada pelo Brasil. As relações entre os dois países se deterioraram após o rompimento diplomático, motivado pelo governo autoritário de Daniel Ortega, que tem sido acusado de graves violações dos direitos humanos. Ambos os países ficaram de fora da expansão do BRICS+.
O que esperar do futuro do BRICS+?
Com a expansão do BRICS, o grupo ganha ainda mais relevância na política e economia global. A inclusão de grandes potências energéticas como a Arábia Saudita e o Irã reforça o papel do bloco no cenário geopolítico, especialmente em um momento em que questões relacionadas à energia estão no centro das discussões internacionais.
No entanto, a expansão também traz desafios. Integrar países tão diversos, com interesses muitas vezes conflitantes, não será uma tarefa fácil. Mas o objetivo maior do BRICS+ é claro: criar um mundo mais multipolar, onde as decisões globais não sejam tomadas apenas pelas potências ocidentais, mas sim por uma coalizão mais ampla de países.
E assim, o BRICS segue moldando o futuro das relações internacionais, com mais países de olho em uma possível adesão no futuro. Quem sabe, daqui a alguns anos, o BRICS já não esteja com mais membros e ainda mais forte? O importante é que essa nova configuração global está em pleno movimento.
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