novembro 09, 2024

"Nazista" e "fascista": entenda o que são, de onde vêm e por que esses termos estão na boca de todo mundo

 


Ao navegar pelas redes sociais ou ler notícias, você deve ter notado que termos como “nazista” e “fascista” viraram palavras de uso comum para criticar figuras políticas, movimentos ou até pessoas em discussões acaloradas. Mas o que essas palavras realmente significam? De onde surgiram e por que, de repente, parecem ser usadas para qualquer coisa que pareça autoritária ou de direita? Vamos aprofundar no assunto!

O que realmente significam “nazista” e “fascista”?

Esses termos não surgiram à toa, mas têm uma história muito carregada, ligada a períodos sombrios do século XX. Nazismo e fascismo foram ideologias que governaram com mãos de ferro, promovendo violência e guerras devastadoras. Vamos dar uma olhada em cada uma delas:

  • Nazismo: Essa ideologia cresceu na Alemanha, liderada por Adolf Hitler, nos anos 1920 e 1930. Oficialmente chamado de nacional-socialismo, o nazismo defendia uma raça “pura” (a ariana) e pregava que certas raças, como judeus e ciganos, eram inferiores e deveriam ser eliminadas. O nazismo também tinha uma visão de extrema obediência ao Estado, a perseguição a opositores políticos, e acreditava na superioridade alemã, o que culminou na Segunda Guerra Mundial e no Holocausto​.

  • Fascismo: Esse movimento começou na Itália, com Benito Mussolini. O fascismo italiano pregava o ultranacionalismo, a supremacia do Estado e uma hierarquia social rígida. Diferente do nazismo, o fascismo não tinha uma obsessão com a pureza racial, mas acreditava em um Estado totalitário e na obediência irrestrita ao líder. Ambos os movimentos, no entanto, compartilhavam uma visão de poder centralizado, um desprezo por ideias democráticas e liberais e uma necessidade de controle total da sociedade​.

Contexto histórico: como essas ideologias surgiram?

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deixou a Europa devastada, com muitos países enfrentando crises econômicas e políticas. Na Itália, a decepção com o governo democrático abriu espaço para Mussolini, que prometia uma Itália poderosa e renovada. Ele liderou uma marcha em Roma e, em 1922, tomou o poder, estabelecendo o primeiro governo fascista. Na Alemanha, a derrota e as duras condições impostas pelo Tratado de Versalhes geraram ressentimento. Hitler usou esse sentimento para mobilizar a população e prometeu vingança e o restabelecimento da glória alemã. Quando o nazismo assumiu o poder em 1933, começou a repressão violenta contra judeus e outros grupos, além de uma política expansionista que levou à Segunda Guerra Mundial​.

Por que pessoas de direita são chamadas de “nazistas” ou “fascistas”?

No debate moderno, chamar alguém de “nazista” ou “fascista” não significa necessariamente que essa pessoa defenda campos de concentração ou um Estado totalitário. Esses termos se tornaram maneiras de criticar ideias e atitudes que parecem autoritárias ou antidemocráticas. No contexto político, algumas características associadas ao nazismo e ao fascismo, como o nacionalismo, a hostilidade a imigrantes, o desprezo pela mídia e a centralização do poder, são vistas em alguns movimentos e líderes de direita. Por isso, críticos utilizam esses rótulos para associar líderes que exibem essas características a movimentos totalitários e ultranacionalistas do passado​.

Por que líderes como Trump e Bolsonaro são chamados de “nazistas” ou “fascistas”?

Donald Trump e Jair Bolsonaro são frequentemente acusados de promover retóricas e políticas que alguns críticos consideram autoritárias. Trump, por exemplo, foi criticado por ataques à imprensa, tentativas de deslegitimar o sistema eleitoral e medidas anti-imigração. Bolsonaro, por sua vez, também é criticado por sua postura linha-dura em relação à segurança e pela visão conservadora, além de suas polêmicas com a mídia. Essas atitudes podem não fazer deles fascistas ou nazistas no sentido estrito da palavra, mas os críticos os associam a esses movimentos porque acreditam que suas ações ameaçam a democracia e os direitos civis, características que os regimes fascistas e nazistas atacaram no passado​.

Nazismo e fascismo podem ser de direita mesmo sendo totalitários?

Aqui entramos em uma questão complexa. Para muita gente, o termo “direita” está associado à liberdade individual e ao livre mercado, enquanto o totalitarismo parece algo mais “de esquerda”. Mas o espectro político é mais amplo e inclui variações dentro da própria direita. No nazismo e no fascismo, temos a extrema-direita totalitária, onde o Estado é absoluto, mas ainda com valores conservadores e nacionalistas. Em contrapartida, a extrema-direita libertária defende um governo mínimo e liberdade pessoal e econômica. O fascismo e o nazismo, então, ocupam uma posição na direita, mas de um tipo autoritário, que acredita na intervenção estatal para garantir uma sociedade “disciplinada” e “pura”​.

Os maiores protestos antifascistas do mundo

Com o crescimento de movimentos de extrema-direita, o antifascismo ressurgiu, especialmente em lugares onde o fascismo deixou marcas profundas. Nos Estados Unidos, o movimento Antifa ganhou notoriedade durante a presidência de Trump, protestando contra o que considera ações e ideias fascistas e racistas. Na Europa, onde o fascismo dominou durante a Segunda Guerra Mundial, há leis rígidas que proíbem manifestações neonazistas. Na Alemanha, por exemplo, é ilegal exibir símbolos nazistas, e manifestações de grupos antifascistas são comuns.

Na Espanha, grupos antifascistas atuam para lembrar as atrocidades cometidas pelo regime de Franco, e, na Itália, a data da Marcha sobre Roma (momento em que Mussolini assumiu o poder) é marcada por protestos. Em ambos os casos, os movimentos antifascistas têm o apoio de uma parcela significativa da população, que acredita ser importante lutar contra qualquer resquício de extremismo​.

O futuro desse debate com o retorno de Trump ao poder

Com Donald Trump voltando à presidência dos Estados Unidos, espera-se um novo aumento na polarização e nas tensões. Alguns especialistas alertam que a banalização dos termos “nazista” e “fascista” pode reduzir seu peso, fazendo com que percam seu verdadeiro significado histórico. Outros temem que atitudes e políticas de líderes autoritários possam de fato desestabilizar a democracia, permitindo que ideias totalitárias ganhem mais força, seja nos Estados Unidos, seja em outros países que veem Trump como um modelo de liderança​.

Onde vamos parar?

O uso de “nazista” e “fascista” como insultos genéricos provavelmente não desaparecerá tão cedo, mas é essencial entender que essas palavras têm um peso histórico muito real. O nazismo e o fascismo não foram apenas ideologias extremas; foram sistemas que causaram sofrimento e morte para milhões de pessoas. Em tempos de polarização, é importante usar esses termos com cuidado, para que seu significado não se dilua e para que possamos aprender com os erros do passado, sem abrir espaço para que eles se repitam.

Essas palavras são carregadas de significados e devem ser usadas com responsabilidade, pois seus significados reais nos lembram da importância de proteger a liberdade e a democracia, evitando que o mundo entre novamente em uma era de totalitarismo e terror.

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