novembro 06, 2024

Proxy Wars: as guerras que você nunca viu, mas que moldam o mundo

 


As “proxy wars” (guerras por procuração) são uma espécie de “guerra indireta”, onde uma potência poderosa apoia grupos, movimentos ou governos estrangeiros em conflitos contra inimigos comuns, sem o uso direto de suas próprias tropas. Vamos explorar como funcionam, seu papel histórico e atual, e como até a recente eleição de Donald Trump em 2024 está ligada ao tema.

Proxy Wars na Guerra Fria

Na Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética usaram intensamente as proxy wars para evitar um confronto direto, que poderia ter resultado em uma guerra nuclear devastadora. Em vez disso, cada superpotência apoiava um lado em conflitos locais, oferecendo financiamento, armas e até treinamento. Três das mais famosas proxy wars desse período foram:

  1. Guerra da Coreia (1950-1953): Dividiu a Coreia em Norte, apoiado pela União Soviética e China, e Sul, apoiado pelos EUA e aliados. O conflito terminou em um armistício, mantendo a divisão até hoje.

  2. Guerra do Vietnã (1955-1975): Os EUA intervieram para conter o avanço do comunismo no Sudeste Asiático, mas acabaram enfrentando uma amarga derrota contra o Vietnã do Norte e os vietcongues, que recebiam suporte soviético e chinês.

  3. Guerra do Afeganistão (1979-1989): A URSS invadiu o Afeganistão para apoiar o governo comunista local, e os EUA responderam armando os mujahidin afegãos. Este conflito acabou por enfraquecer a União Soviética e contribuiu para seu colapso em 1991.

Esses conflitos ajudaram as superpotências a alcançar seus interesses estratégicos sem arriscar combates diretos.

Proxy Wars Modernas

Mesmo após o fim da Guerra Fria, as proxy wars continuaram. Hoje, elas servem como forma de influência geopolítica em várias regiões. Entre os conflitos mais notáveis atualmente estão:

  1. Guerra da Síria: Envolve uma complicada rede de alianças. Os EUA e seus aliados apoiam grupos rebeldes e milícias curdas, enquanto a Rússia e o Irã sustentam o governo de Bashar al-Assad.

  2. Conflito no Iêmen: A Arábia Saudita lidera uma coalizão contra os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã. Esta guerra é considerada uma disputa indireta entre a Arábia Saudita e o Irã, ampliando as tensões no Oriente Médio.

  3. Guerra da Ucrânia: Desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, os EUA e a União Europeia apoiam a Ucrânia com armas e recursos. A recente invasão em 2022 intensificou o conflito, transformando-o em um símbolo da resistência ocidental contra a influência russa na Europa.

  4. Conflitos de Israel contra o Hamas e o Hezbollah: Envolvem Israel combatendo o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano, grupos apoiados pelo Irã, o que faz dessas lutas uma parte da competição regional entre Israel e o Irã.

Críticas às Proxy Wars e o Papel de Trump

As proxy wars são criticadas por prolongarem conflitos, aumentarem as destruições e, muitas vezes, deixarem as populações locais em situação vulnerável. Recentemente, a eleição de Donald Trump em 2024 trouxe essa questão à tona. Ele prometeu reduzir a participação dos EUA em conflitos indiretos, especialmente em lugares como Ucrânia e Israel, argumentando que os EUA gastam excessivamente em guerras de outros países em vez de focar em problemas domésticos. Isso poderia ter implicações enormes para a dinâmica dos conflitos atuais, pois a retirada do suporte americano enfraqueceria aliados e mudaria o equilíbrio de poder em várias regiões.

Por Que as Proxy Wars Continuaram Após a Guerra Fria?

Apesar do fim da União Soviética, o mundo não ficou livre de tensões geopolíticas. Com a ascensão de novas potências, como China, e o ressurgimento da Rússia, as disputas por influência e recursos não desapareceram. As proxy wars se mantêm como uma ferramenta prática, permitindo que as grandes potências protejam seus interesses sem o custo político e humano de uma guerra direta. Hoje, o uso de mercenários e drones reduziu ainda mais os riscos, possibilitando que governos apoiem “de longe” sem expor diretamente suas forças.

Em um cenário multipolar com novas potências emergindo, como a China, a tendência é que as proxy wars continuem a ser uma ferramenta essencial na política internacional, possibilitando que potências atuem sem o risco de conflitos globais diretos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário